quarta-feira, 14 de março de 2012

Mitos e verdades sobre bebês

Por Carolina Mouta
Matéria publicada no site Bolsa de Mulher *
Imagem: Dreamstime

Só quem é mãe de primeira viagem sabe o quanto as dúvidas fazem parte do dia a dia de quem tem um bebezinho em casa. E conselhos não faltam. É avó, é tia, é vizinha: todo mundo quer dar pitaco. O grande problema é que muito do que se ouve por aí não passa de pura falácia!

Bebês não devem tomar chá? Virar o bebê de barriga para baixo diminui a cólica? Copinho pode substituir mamadeira? Lã na testa faz o soluço passar? São tantas as curiosidades!

Para dar uma organizada na cabeça e não perder tempo com bobagens, a Dra. Rosa Resegue Ferreira da Silva, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria de São Paulo, preparou um guia com alguns mitos e verdades que a gente está cansada de ouvir por aí.

BEBÊS NÃO DEVEM TOMAR CHÁS? - Mito. Esta afirmativa é verdadeira quando a criança está em aleitamento materno até o sexto mês de vida. Nesse caso, deve-se evitar a ingestão de chás, pois podem prejudicar as mamadas e a absorção de ferro. Os chás devem ser preparados em infusão e sem adição de açúcar. O chá preto e o mate devem ser evitados por conterem cafeína.

ATÉ QUE O UMBIGO CAIA É NECESSÁRIO TAPÁ-LO? Mito. A limpeza do coto umbilical deve ser feita com álcool a 70%. O umbigo costuma secar durante a primeira semana de vida e cair entre oito e dez dias. Manter a área do umbigo sempre limpa e seca auxilia no processo de cicatrização. Por esse motivo, é preferível, inclusive, deixá-lo para fora da fralda. Importante destacar que o coto umbilical não dói.

AMIDO DE MILHO PREVINE ASSADURAS? Mito. Em alguns casos, a utilização de uma papa de amido de milho pode auxiliar (efeito calmante) quando a dermatite já estiver instalada. Por ter a forma de talco, o amido de milho deve inclusive ser evitado pelo risco de acidente (aspiração).

VIRAR O BEBÊ PRA BAIXO DIMINUI AS DORES DE CÓLICA? Nem mito, nem verdade. A cólica costuma acontecer nos primeiros três meses de vida da criança, tendo múltiplas causas. São também várias as iniciativas usadas como auxiliares para diminuição da dor do bebê e da ansiedade dos pais, como o uso de fraldas aquecidas ou colocar a criança de bruços sobre o colo ou a mão dos familiares. Nenhuma dessas iniciativas, entretanto, mostrou-se eficaz nos estudos realizados, mas é preferível sua utilização ao uso de medicamentos, que não têm eficácia comprovada e podem causar efeitos colaterais na criança.

LÃ NA TESTA FAZ O SOLUÇO PASSAR? Mito. Os soluços, assim, como os espirros são frequentes no bebê e ocorrem nas mudanças de temperatura, como no banho ou ao trocar as fraldas. Inócuos, os soluços não doem e podem ser aliviados colocando a criança ao seio para amamentar ou, simplesmente, acalentando-a.

A ALIMENTAÇÃO DA MÃE PODE INTERFERIR NAS CÓLICAS DO BEBÊ? Verdade. No entanto, é preciso deixar claro que não há necessidade de dietas especiais para a mãe que amamenta, devendo-se evitar apenas o consumo excessivo de alguns alimentos que podem provocar irritabilidade e/ou aumento dos movimentos intestinais como café e chocolate (considera-se excessivo o consumo de mais de 450g/dia).

CHUPETA ALTERA O DESENVOLVIMENTO BUCAL E DA FALA? Verdade. É importante não encorajar o uso da chupeta. Quando a criança já tem esse hábito, recomenda-se o uso da chupeta quando a criança for dormir, devendo-se retirá-la em seguida. Evite que a chupeta seja acessível para a criança. Não é recomendável o uso de prendedores (inclusive pelo risco de acidentes) e também de fraldinhas presas à chupeta, que só pioram as alterações provocadas.

RECÉM-NASCIDOS SENTEM MUITO FRIO E DEVEM ESTAR SEMPRE AGASALHADOS? Mito. Agasalhar demais os bebês pode provocar hipertermia.

SONECAS DIURNAS SÃO IMPORTANTES PARA OS BEBÊS? Verdade. A qualidade das sonecas diurnas é, inclusive, importante para a qualidade do sono noturno.

COPINHO PODE SUBSTITUIR MAMADEIRA? Verdade. Não há necessidade do uso de mamadeiras. Após o sexto mês, na passagem para os alimentos complementares, pode-se introduzir diretamente os copinhos. O mesmo é feito quando a mãe ordenha o leite para uso posterior. Nesses casos, o leite materno é oferecido em copinhos ou por meio de colheradas.


* O texto pode ter sofrido modificações.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Natação para bebês

Por Carolina Mouta
Matéria para o site
Bolsa de Bebê *
Imagem: Dreamstime


A água é um elemento bastante conhecido dos bebezinhos. Afinal, foram nove meses de contato com o meio aquático, ainda que na barriga. Os pequenos saem dela demonstrando muitos reflexos e movimentando-se com muita habilidade. Aproveitando essa deixa, muitos pais iniciam seus filhotes na natação, o único esporte indicado para bebês. E que gostoso pode ser! Sem barreiras para os movimentos e sem sentir o seu próprio peso, o pequenino tem momentos de prazer e descoberta e aprende a nadar a partir da brincadeira de mexer os bracinhos e as perninhas.

Completo, o exercício estimula todas as partes do corpo, promove tranquilidade e momentos de intimidade com os pais. Mas não é só por isso que é indicada. Há inúmeros motivos para matricular o seu bebê na aula de natação. De acordo com o professor Dani D´Aquino, segurança, saúde e lazer são alguns deles. "A natação pode evitar acidentes e salvar vidas desde muito cedo; fortalece o organismo prevenindo doenças ou promovendo reabilitação física e bebês e crianças bem adaptadas à água e, sabendo nadar, aproveitam muito mais as visitas em piscinas, praias, lagos e rios", pontua.

Bebês podem começar o exercício desde muito cedo. O ideal é que os pequenos tenham o primeiro contato com a piscina quando já tomou as segundas doses da maioria das vacinas, estão mais firmes e têm mais movimentação do corpo. Isso evita problemas chatinhos como inflamações de ouvido. "Para a maior parte dos pediatras a natação é recomendada a partir dos seis meses de vida, com o atestado", diz a professora Flávia Gazolli, especialista em psicomotricidade aquática.

Normalmente não há contraindicação do esporte para bebês, exceto quando as crianças têm alergia ao cloro.

Benefícios à beça

Mamães que decidirem colocar os bebezinhos na natação irão colher ótimos resultados. "A natação melhora da coordenação motora; aumenta a capacidade cardiorrespiratória; desenvolve noções de espaço e tempo e ajuda a prevenir doenças respiratórias", enumera o professor D´Aquino. Equilíbrio, tônus e outras atividades funcionais são muito favorecidas. "A natação estimula o apetite e tranquiliza o sono", explica Flávia.

E não é só o físico que colhe benefícios. O lado emocional e a confiança mútua também podem ser bastante trabalhados. "O bebê que pratica a natação desde cedo é estimulado de diversas formas. O contato direto com a água e seu acompanhante, que na maior parte das vezes é com sua mãe, proporciona momentos de conforto e estimula a afetividade", esclarece a especialista.

A natação pode auxiliar na prevenção e no tratamento de algumas doenças, principalmente as de origem respiratória, desde que praticadas em piscinas bem tratadas e com boa circulação de ar fresco. Alergias, bronquites ou rinites alérgicas podem ter um baita alívio com a prática regular do esporte. Mas, não se engane! A natação pode ser negativa em alguns casos. "A pressão, uma das propriedades físicas da água, tanto pode ajudar em caso de doenças respiratórias ou circulatórias também pode piorar doenças como a sinusite. Por isso a importância de consultar o seu médico antes de iniciar a prática da natação", reconhece o professor D´Aquino. De acordo com Flávia Gazolli, a natação também é excelente para tratar crianças que apresentam atraso motor.

Como é a aula

As aulas para bebês são cuidadosamente formuladas. Normalmente são mais curtas que as aulas tradicionais - têm a duração de até 45 minutos - e a presença de um dos pais é indispensável até, mais ou menos, os três anos. "Precisamos de alguém de confiança para entrar na água com o bebê. Um dos pais fica praticamente o tempo. Em alguns momentos a criança fica com o professor. As atividades são colocadas aos pais e eles executam com seus filhos. Nós, professores, somos mediadores", conta Flávia Gazolli.

Segundo Dani D´Aquino, o professor orienta as atividades - que devem ser prazerosas - de acordo com a idade de cada bebê. "É mostrada a melhor maneira de segurar o bebê e como fazer os mergulhos, além de muitas outras atividades, que geram segurança para os bebês e os pais", explica. O ritmo é menos intenso para os bebês menores. "Os bebês com menos de oito meses possuem um ritmo diferente, mais lento", ressalta Flávia.

De acordo com a especialista, para pais e bebês o exercício deve ter um caráter lúdico e recreativo. Já para o profissional, deve ter planejamento e conteúdo. "Brincar por brincar qualquer um faz. A diferença é que estamos auxiliando esses pais a estimular seu filho de uma forma segura e organizada", orienta.

É importante que o ambiente seja rico em estímulos. Deve haver número suficiente de objetos com diferentes cores, tamanhos, formatos e as atividades devem buscar facilitar o desenvolvimento dos sentidos da criança. Músicas também devem fazer parte das aulas, pois estimula a memória, ajuda a aumentar o vocabulário e traz noção de ritmo.

Olho vivo!

São tantos pormenores que não é qualquer pessoa que pode dar aulas de natação a bebês. Conhecimentos sobre psicologia e fisiologia do desenvolvimento infantil fazem diferença na hora de propor as atividades adequadas à faixa etária. Portanto, os pais devem estar atentos à habilitação dos instrutores. "Os professores obrigatoriamente devem ser formados em educação física, registrados no Conselho Regional de Educação Física (CREF), com participação de cursos específicos de natação para bebês", salienta Dani D´Aquino.

Outro ponto que precisa ser avaliado é o local das aulas. Os pais devem conhecer a academia, verificar as instalações físicas em relação à higiene, ventilação e limpeza dos vestiários.Assistir a uma aula e conversar antes com o professor para saber sobre a dinâmica ou número de bebês por turma, são boas dicas.

A piscina - motivo de preocupação de muitos pais - deve receber tratamento especial. "A temperatura de ser em torno de 32 a 33°C, com residual de cloro dentro da faixa ideal e, de preferência, com tratamento auxiliar da água através de ozônio ou ultravioleta", explica o professor Dani.

Para que a criança aproveite as aulas e tenha vontade de cair na piscina, insira a natação no dia a dia sem alterar a rotina. O horário da aula não deve coincidir com o soninho da tarde ou com a hora da alimentação do pequeno. E não se preocupe com a fralda: já existem modelos de várias marcas próprios para piscina e que não apresentam qualquer risco de vazamento.

Como em tudo o que fazemos, estímulos são muito bem-vindos: elogie o seu bebê a cada conquista, a cada mergulho, a cada gesto. Assim, a natação será um momento de extrema felicidade, permeada por muito aprendizado e lições para a vida inteira.


* O texto pode ter sofrido modificações

segunda-feira, 5 de março de 2012

Vaidade infantil

Por Carolina Mouta
Matéria para o site Bolsa de Mulher *
Imagem: Dreamstime


"Espelho meu, espelho meu, existe no mundo alguém mais bela do que eu"? Está documentado nas fábulas infantis: beleza e vaidade são assuntos que mexem com a cabeça dos humanos muito cedo. Desde pequenininhas, as meninas têm vontade de se maquiar, pintar as unhas, cuidar dos cabelos, ficar bonita. Os meninos não ficam de fora: querem roupa da moda e penteados descolados. Nada de mais, dentro dos devidos limites.

As crianças estão tão mais exigentes que querem cuidar da aparência em um lugar pensado só para elas. Atendê-las quer dizer ter uma decoração colorida, com mobiliário adequado, videogame, cama elástica, piscina de bolinhas, karaokê e tudo o mais que você possa imaginar. Para dar conta desse público, um novo segmento de mercado vem conquistando muitos clientes e, neste ramo, os salões de beleza são os que mais crescem. E não apenas para cortar o cabelo: "As crianças procuram serviços de corte, hidratação, penteados, maquiagens, unhas decoradas", conta Morgana Vigo, proprietária do Astros e Estrelas Kids no Rio de Janeiro.

A presença das crianças em locais que antes só atendiam adultos é cada vez mais constante e tem a ver com mudanças no estilo de vida. De acordo com a consultora em beleza e bem-estar do SPA Shishindo, Soon Hee Han, as mães buscam introduzir as crianças muito cedo a cuidados que antes só iniciavam na adolescência.

Apesar de disponibilizarem - também para crianças - serviços de relaxamento e reeducação alimentar, muitos SPAs são procurados pelas mães para apresentar à criança o universo da beleza e da boa aparência. Aí entram as massagens, terapias com pedras quentes, drenagem linfática, acupuntura e esfoliação. "O objetivo primordial é a introdução em ambientes de glamour, diferenciado", conta a especialista.

Mais que cuidar do visual Os serviços diversificados em SPAs vão além. Alguns, como o Shishindo, organizam festas de aniversário para a garotada. "O SPAs é procurado pelas mães para comemorações pequenas, com o máximo de 12 crianças".

As menininhas que se sentem em casa no salão podem comemorar o aniversário cuidando do visual junto com as amigas. "Fazemos festas para até 20 meninas com direito a um buffet durante as quatro horas em que ficam no salão - incluindo desfile das produções realizadas, sem esquecer o bolo e doces para a hora do parabéns", diz Morgana.

O mercado da beleza infantil é tão amplo que fez com que os profissionais fossem até os clientes. "Vamos também às festas fora do nosso salão. Produzimos todas as crianças com penteados, maquiagens e unhas decoradas e, para os meninos, penteados radicais com gel colorido. As crianças curtem muito este serviço, que realizamos em casas de festas, play de condomínios, desfiles de grifes, escolas e até dentro das residências de clientes, numa comemoração mais íntima", relata a empresária.

Menino também entra

E quem foi que disse que os meninos não curtem uma produção? "No dia a dia o salão é mais frequentado por meninos, pois cortam cabelos muito mais vezes que as meninas", diz Morgana. Menina gosta é de se enfeitar. "Elas cortam menos, ficam mais ligadas nos demais serviços como unhas, penteados e maquiagem. As meninas curtem as festas no salão, simplesmente adoram!", conta Morgana.

Os SPAs também estão longe de ser território exclusivamente feminino. Nesse clubinho menino entra. "Principalmente adolescentes do sexo masculino buscam muito os serviços de SPA, limpeza de pele e antitensão em época de vestibular", diz Soon Hee Han.

Imitar é bom, mas tem limite

De acordo com a psicóloga Marina Almeida, a frase célebre que inicia essa matéria pode aprisionar as crianças num ideal narcísico e infantil. "Elas não verão a diversidade de beleza que não é apenas estética, mas interna, subjetiva, nas relações afetivas e amorosas diante da vida", pontua a especialista.

Morgana Vigo admite: a nova geração de crianças está antenada com o que acontece no mundo, mas ainda se espelha nos pais. E todo mundo sabe: criança adora imitar gente grande. As menininhas copiam a mãe, os garotões querem ser iguais ao pai. E isso faz parte do crescimento da criança. "A fase de imitação é saudável, até que a própria criança possa ser ela mesma, dentro de suas necessidades", orienta a psicóloga Marina Almeida.

Os pais devem estar atentos ao limite. As idas aos salões e SPAs devem ser encaradas pela criança como uma grande brincadeira que alia beleza e higiene. "As crianças precisam estar com os cabelos cortados, principalmente a franja, para não atrapalhar a visão e o aprendizado na escola. Devem estar sempre com as unhas limpas, pois as doenças estão aí", orienta Morgana.

A inclusão de um SPA na agenda infantil passa a ser preocupante quando elas chegam para perder peso por causa da estética e não da saúde. Os pais devem ser coerentes: algumas realmente precisam de um trabalho de reeducação alimentar e exercícios físicos. Outras só querem imitar a modelo vista na televisão.

Quando essa vaidade toda passa a ser levada a sério, o alerta dos pais deve acender. "O cuidar-se deixa de ser saudável na medida em que esta criança só vive para isso: para o salão de beleza, para os cosméticos, para imagem, sem poder notar outras necessidades afetivas, a de crescimento, como estudar, ter amigos, construir valores éticos e morais", diz a psicóloga Marina Almeida.

Incentivar o culto à beleza e ao corpo em demasia pode fazer com que a criança pule etapas importantes do desenvolvimento da sua personalidade levando à sexualização precoce. "É a condição de colocar o ser humano que está em desenvolvimento, se humanizando, tentando aprender a dominar seus impulsos agressivos e libidinais, numa condição aonde se investe somente nas condições de sedução, erotismo, atração, estética corpórea. Valoriza-se mais o investimento no corpo do que nos afetos, valores e autoestima", explica Marina.

Mas não são somente os pais os responsáveis por essa cultura. "A mídia e os valores consumistas levam as meninas a adquirem maquiagem, tinturas de cabelo, esmaltes, bijuterias e mesmo o controle do corpo para ficarem magras e serem manequins. Notamos que a aquisição destes bens não se basta um esmalte, uma bijuteria, mas se anseia pelo exagero, precisa-se ter uma coleção disto tudo", diz a psicóloga.

Cuidado com os produtos

Perfume, esmalte, gel de cabelo, maquiagem, creme hidratante, xampu e condicionador... A lista de produtos infantis não para de crescer. "Os cosméticos ao público infantil têm formulação especial para não agredir a pele e os cabelos das crianças, além de suaves fragrâncias. É fundamental que os produtos utilizados estejam de acordo com a idade", orienta a dermatologista Denise Lima.

A maquiagem deve ser evitada a qualquer custo. "Se isso não for possível, prefira os produtos infantis, que saem com mais facilidade na água. Opte por marcas conhecidas e, mesmo sendo antialérgica, faça o teste na criança", salienta a médica.

De acordo com Denise, os esmaltes não deveriam fazer parte da brincadeira, pois possuem solventes em sua composição. Mas as menininhas não precisam chorar. Há no mercado esmaltes desenvolvidos para crianças e que saem com água e sabão.

* O texto pode ter sofrido modificações

quinta-feira, 1 de março de 2012

Coça, coça: é piolho

Por Carolina Mouta
Matéria para o site Bolsa de Bebê *
Imagem: Dreamstime


Uma coçadinha aqui, outra coçadinha acolá... Nada de mais quando é esporádica. Mas, se o coça-coça não dá trégua, a mamãe logo suspeita: pode ser piolho. Existem diversos tipos do parasita, mas vamos nos ater aqui ao Pediculus humanus var capitis - hein? -, que pode provocar uma infestação chamada de pediculose do couro cabeludo. A doença - que está entre as de maior incidência na população infantil do país - é caracterizada por uma coceirinha sem fim, que atinge principalmente crianças em idade escolar. Mas os adultos não estão livres dele, não. Os bichinhos também não fazem distinção de raça, classe social e nem idade. Se tem cabelo, ele pode fazer a festa!

Quem é esse tal de piolho?

De acordo com a bióloga Bianca Dantas, o piolho é um inseto pequenino, de coloração marrom. Possui uma boca adaptada, usada para perfurar a pele e sugar o sangue humano, do qual se alimenta. As garras nas seis pernas possibilitam grudar no corpo do hospedeiro.

Os bichinhos não voam, não pulam e vivem em torno de 30 dias. Nesse tempo podem fazer um estrago... "Uma fêmea pode colocar até 300 ovos durante a sua curta vida. Na sua fase reprodutiva ela costuma botar, em média, de dez a doze ovos por dia. Esses ovinhos de cor esbranquiçada são as lêndeas, que costumam ficar grudadas nas raízes do cabelo, bem pertinho do couro cabeludo, e eclodem em cinco ou seis dias", explica Bianca.

Como são transmitidos?

Engana-se quem pensa que os piolhos estão associados à falta de higiene. A história não é bem assim: os piolhos gostam mesmo é de um cabelo limpinho. A transmissão acontece através do contato pessoal direto com os indivíduos infestados e pelo compartilhamento de utensílios como pente, boné, travesseiro, lenço de cabeça e presilhas. Encostos de cadeiras e assentos de carros também ajudam a disseminar a pediculose.

Quais os sintomas?

O primeiro sintoma de uma infestação é uma intensa coceira no couro cabeludo, principalmente na região da nuca e atrás das orelhas. Essa coceira, causada pela saliva e pelas fezes do piolho, pode resultar em feridas, deixando uma porta aberta para infecções bacterianas. E entre uma coçadinha e outra não há quem durma. "Além de atrapalhar o sono, a pediculose pode levar as crianças a um quadro de estresse, o que atrapalha, inclusive, o desempenho escolar", ressalta a pediatra Rosana Monteiro. Mas não é só isso: dois meses são o suficiente para que o quado se agrave. "Pode haver o aparecimento de gânglios e anemia", avisa a especialista.

Como diagnosticar a pediculose?

Além da coceira, uma outra forma de evidenciar a infestação é verificando a presença dos parasitas. Mas isso não é nada fácil, especialmente no caso dos piolhos. Eles fogem ao menos sinal de movimento nos cabelos. As lêndeas são bem mais legais: ficam paradinhas, grudadinhas nos fios e tem uma coloração mais clara, sendo melhor identificadas.

Dá para prevenir

Não tem jeito: pais que têm filhos em idade escolar devem estar atentos e inspecionar sistematicamente as cabecinhas. Com a ajuda do pente fino, é bom fazer uma varredura diária nos fios de cabelo. "A criança pode criar o hábito de passar o pente fino toda vez que for tomar banho", sugere a dermatologista Fernanda Oliveira. Assim, se houver piolho, ele já vai, literalmente, por água abaixo!

Outros cuidados podem ajudar a manter os piolhos bem longe: a criança deve ser orientada a não compartilhar objetos como pentes, bonés e presilhas. Manter as madeixas curtas ou amarradas também são boas opções, mas não prenda os cabelos se eles estiverem úmidos.

Operação pente fino

No caso de haver infestação, o pente fino - preferencialmente e metal ou inox - também é o principal aliado no tratamento. Quando for passá-lo, é bom utilizar um pano claro, evitando que os piolhos caiam na roupa. Os piolhos e lêndeas que caírem no pano devem ser deixados em vinagre diluído em água por um período de 30 minutos, para que sejam mortos. Aliás, essa fórmula (uma parte de água para uma parte de vinagre) também é eficaz para retirar as lêndeas. "A orientação é passar a solução com a ajuda de um pedacinho de algodão. Use poucos fios de cabelo de cada vez, pressione-os entre o algodão e puxe da base do fio para as pontas", ensina a drª Fernanda.

Receitinhas alternativas, nem pensar!

Na ânsia de exterminar os insetos, muitos pais se deixam levar por recomendações alternativas e produtos inadequados. Mas, não existem receitas infalíveis para exterminar os piolhos. A médica ressalta que o uso de soluções caseiras, principalmente se na fórmula tiver querosene e inseticidas, deve ser totalmente descartado. "Esses produtos são tóxicos ao ser humano e podem ausar irritações e reações alérgicas. A melhor conduta e procurar um especialista, que indicará o tratamento adequado com shampoos ou loções, chamados de pediculicidas. Ferver os objetos pessoais, tais como pente, boné, lençol e roupas também ajuda", diz. O uso dos "remedinhos para piolho" deve ser repetido cerca de dez dias após a primeira aplicação. Esse é o tempo necessário para que as lêndeas - que se safam dos pediculicidas - se transformem em piolhos. Por isso, é importante considerar o ciclo biológico do parasita.

Fazendo o tratamento direitinho, em duas semanas o pequeno estará livre dos bichinhos. Aí, é cuidar para que não haja reinfestação. Afinal, ninguém quer ser surpreendido com o aparecimento de visitantes tão indesejados.

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